sexta-feira, janeiro 13th, 2017
Quanta coisa que a gente faz nessa vida que vale a pena, não é mesmo? Esses dias mesmo fui ao cinema e assisti um filme que valeu muito a pena. Foi quando falei isso em voz alta que tive o estalo: De onde é que será que veio a expressão “valeu a pena”? Pois é! Aposto que você nunca pensou sobre isso. Mas não se preocupe, a Vernaculum te explica.
Existem duas teorias. A primeira delas vem da revista Aventuras na História e ela diz que ““Pena” vem do grego poiné, como era chamado o dinheiro dado por um matador aos parentes de sua vítima – um tipo de indenização da época. Na mitologia grega, Poiné era ainda a deusa responsável por impor o castigo, ou seja, a pena. Alguns historiadores usam “poinas”, assim mesmo, no plural, para descrever os espíritos que se vingavam de quem matasse pessoas. O equivalente em latim, poena, virou sinônimo de dor, sofrimento e tipos de punição aplicados por juizados civis. O termo originou dezenas de palavras em diferentes idiomas. Antigamente, na França, usava-se a expressão para se referir a alguém bem remunerado – fulano valia o trabalho, o sacrifício. Ou seja, valia a pena.”
A segunda teoria vem da mitologia egípcia. Segundo O Livro dos Mortos, fazia-se uma procissão rumo ao túmulo do falecido(a) após o cadáver ter sido depositado no sarcófago e, no fim dela, o sacerdote realizava o ritual de abrir a boca da múmia para que ela voltasse à vida. Todo o material funerário era depositado no túmulo – juntamente ao sarcófago às oferendas – e, em seguida, selava-se o túmulo para que nada perturbasse o eterno descanso do falecido(a). Assim, o morto iniciava um percurso pelo mundo Além-túmulo.
Anúbis, deus egípcio dos mortos e moribundos, levava-o perante Osíris, deus egípcio da vegetação e vida no Além que, juntamente com outros deuses, realizava a denominada psicostasia, em que o coração do falecido(a) era pesado. Se as más ações fossem mais pesadas do que uma pena de avestruz, a alma da pessoa iria para o inferno egípcio. Se passasse de forma satisfatória por essa prova, poderia percorrer o mundo subterrâneo – cheio de perigos – até o paraíso (Campos de Iaru). Dessa forma, a vida da pessoa teria que “valer a pena” na hora do julgamento final.
Melhor do que traduzir uma língua é saber a história de alguns de seus elementos. Isso não só nos ajuda no processo tradutório, mas nos aproxima do idioma, como se fossemos amigos. Chamamos isso carinhosamente de “toque Venaculum”. Diariamente, fazemos pesquisas para entender um pouco mais sobre os aspectos linguísticos que envolvem nosso trabalho, afinal, nunca se sabe quando precisaremos usar esses conhecimentos, não é mesmo? Acreditamos que o estudo contínuo é essencial para uma boa tradução e o melhor de tudo é que a gente sempre se diverte aprendendo. Traduzir, para nós, não é trabalho. É alegria.
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