sexta-feira, maio 28th, 2021
A Lei dos Direitos Civis dos anos 60 foi um conjunto de disposições legais adotadas nos Estados Unidos para evitar a segregação e discriminação. Graças a esse ato, surgiram leis federais que protegem imigrantes e sua capacidade de ter acesso à informação, pois a lei garantia que ninguém deveria sofrer discriminação pelo lugar no qual nasceu … e poder receber conteúdos e informações na sua própria língua forma parte desse direito. Infelizmente, algumas falhas nesse direito essencial têm ocorrido no meio da crise do COVID-19.
Como mencionamos antes, os Estados Unidos se destacam pela grande quantidade de estrangeiros e imigrantes que abrigam, havendo no país 41 milhões de pessoas cuja língua materna é o espanhol. Além disso, por uma variedade de motivos, nem todos os imigrantes que chegam ao país conseguem ou têm a oportunidade de aprender a língua local. Portanto, é esperado que os meios de comunicação façam sua parte para comunicar tudo que for necessário para todos os grupos que vivem no país. Infelizmente, não é isso que tem acontecido. Estamos falando agora do caso dos EUA, mas cabe destacar e lembrar que esta situação se aplica a qualquer país do mundo no qual existam imigrantes, refugiados ou pessoas de etnias diferentes.
Segundo artigo do site Medscape, apareceu uma propaganda em espanhol que estimulava a vacinação no estado de Virginia com alguns erros gramaticais. Eles foram rapidamente corrigidos, mas revelaram um problema maior: o descaso com a comunicação de qualidade e apropriada para falantes de língua espanhola. Inclusive, muitos dos recursos (tanto online e offline) que explicam como funciona o acesso a vacinas, está apenas disponível em inglês.
Por isso, o direito dos hispânicos de ter acesso à vacina estava sendo limitado pela falta de informação disponível. Infelizmente, esse problema não foi provocado por um mal planejamento … foi resultado da remoção, pelo governo vigente à época, dos meios que forneciam proteção e acesso a tradutores e intérpretes para estrangeiros no sistema de saúde local.
O que queremos mostrar com isto é que a linguagem e o direito a entender o que é dito (seja através de medidas governamentais, acesso à tradutores, etc.) vai muito além do que uma simples “comodidade”. É um aspecto fundamental, que faz a diferença no dia a dia e, principalmente, em momentos de crise como os enfrentados na atualidade.
Assim, o trabalho do tradutor ganha uma importância nova, que é não só garantir a comunicação, mas a segurança de grupos e minorias, o que impactará diretamente no todo da sociedade. Alguns grupos, como o Translators Without Borders, pensando nisso, confeccionaram um glossário de termos específicos relacionados à COVID-19, e isso mostra como há uma verdadeira disponibilidade e vontade de trabalhar … basta que seja feita a conexão com aqueles que precisam.
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