Curiosidades sobre a tradução da saga “Harry Potter”
terça-feira, abril 12th, 2016
Lia Wyler não era questionada nas ruas sobre o que aconteceria com os personagens da série. Segundo ela, “o tradutor é um profissional pouco reconhecido de várias maneiras” e, por isso, apenas sua família fazia esse tipo de pergunta.
O prazo para a tradução de Harry Potter e a Ordem da Fênix foi de 100 dias. Para Harry Potter e o Enigma do Príncipe foi de 78 dias.
Se Wyler soubesse que os livros virariam uma série, ela jamais teria traduzido os nomes Gryffindor, Hufflepuff, Ravenclaw e Slytherin.
Como a autora, J.K Rowling, é do tipo que gosta de fazer pós-criações, Wyler teve diversos obstáculos durante a tradução de toda a série. Um exemplo clássico é a tradução de “Golden snitch” para “Pomo de ouro”. No livro “Quadribol através dos séculos”, lançado após a conclusão da série, ela inventa o pássaro “Golden Snidget”, cujo nome teria dado origem à menor bola de Quadribol, já traduzida em sete livros. A tradutora precisou inventar um nome que remetesse à pomo de ouro e que também fosse plausível.
Na obra original, o personagem Hagrid comete diversos erros de Inglês em sua fala. Lia Wyler optou por não traduzir esses erros porque o livro foi escrito para crianças e nem todas elas têm possibilidade de frequentar bons colégios.
Para que as legendas dos filmes fossem feitas, o trabalho de Wyler precisou ser usado. Ela emprestou seus glossários para os colegas responsáveis. A Warner não remunerou a tradutora pelo uso de seu trabalho.
Rowling uma vez declarou que a palavra “muggle” foi usada por ela no sentido de “fool”. Com base nessa afirmação, Wyler fez uma análise de todas as palavras que poderiam traduzir “fool” e optou por “trouxa”, por ser mais forte do que “tolo” ou “bobo” e mais branda que “otário”.
O livro “Harry Potter e a Ordem da Fênix” foi liberado para tradução apenas depois de seu lançamento oficial na Inglaterra. Isso obrigou tradutores do mundo inteiro a trabalhar com prazos excessivamente curtos.
A tradutora diz ser impossível sentar todos os dias diante de um livro ou um computador se o livro não a fizer rir, chorar, lembrar, se enraivecer e se emocionar no geral. Para ela, esta é a diferença entre tradução de ficção e livro técnico.
J.K Rowling sabe Português e, quando questionada sobre isso, Wyler afirma acreditar que a autora ache sua tradução suficiente, pois nunca sofreu nenhum tipo de pressão das editoras brasileira e inglesa.
[SPOILER] Lia Wyler não ficou surpresa com o desenrolar da história. Segundo ela, perdas são necessárias ao amadurecimento.
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