A mulher na tradução

terça-feira, março 19th, 2019

Se você já olhou, por exemplo, uma tabela de tradutores juramentados ou entrou numa sala de aula em uma faculdade de tradução, você se deparou com que essa atividade é desempenhada por uma grande quantidade de mulheres. Isso não é apenas uma coincidência e há profundas raízes sociais e históricas nesse fenômeno. Conheça alguns fatos e análises sobre o papel da mulher na área da tradução:Apesar do estereótipo social de que mulheres geralmente “se adaptam melhor” em empregos de assistência, há coisas que nos levam a pensar que não se trata realmente disso. Historicamente, a mulher sempre foi muito limitada ao se desempenhar em atividades fora da sua casa. A primeira mudança nisso ocorreu durante o Renascimento, no qual começaram a aparecer as primeiras mulheres tradutoras. Não se sabe muito bem qual foi o tamanho da contribuição delas, mas tudo leva a acreditar que essa foi a forma das mulheres terem influência na enorme produção intelectual e religiosa da época. Para saber mais, recomendamos o trabalho de Sherry Simon, no livro Gender in Translation: Cultural Identity and the Politics of Trasmission.

Entre os séculos 18 e 19, época na qual surgiram os clássicos de grandes autoras mulheres – como, por exemplo, Jane Austen, Louisa May Alcott, Emily Brontë ou Mary Shelley – a mulher tinha apenas as opções de viver para se casar e permanecer em casa realizando atividades como costurar, praticar música e aprender línguas, sempre dependendo financeiramente de seus maridos. A única profissão à qual as mulheres podiam se dedicar sem ser socialmente julgadas era a literatura, e assim se justificam todas as grandes obras da época. Com o passar do tempo, essa relação da mulher com a literatura transformou-se em uma relação com a tradução, já que ambas as áreas estão muito ligadas.

No Brasil, temos em destaque a autora Clarice Lispector que dominava 7 línguas e se desempenhou por vários anos como tradutora antes de adentrar-se no mundo da literatura.

A tradução e interpretação são duas das áreas que apresentam maiores níveis de igualdade salarial entre homens e mulheres;

Existem muitos projetos e ações que valorizam o trabalho da mulher na tradução: A Universidade de Warwick realiza anualmente o Warwick Prize for Women in Translation que dá prêmios às melhores traduções de obras escritas por mulheres em vários gêneros. Por outro lado, a ONG Found in Translation, de Massachussets acolhe mulheres bilíngues de baixa renda ou sem-teto e oferece treinamento para interpretação na área médica de forma gratuita, ajudando-as a se reinserir no Mercado;

Apesar de ainda haver várias questões a serem enfrentadas e encaradas – como é o caso da discriminação ou questões relacionadas ao nosso contexto social – a tradução com certeza é uma área que empodera e dá voz às mulheres e que, cada dia mais, vem crescendo e valorizando o nosso trabalho. A equipe da Vernaculum celebra este dia com todo o respeito e importância que ele merece!


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