segunda-feira, maio 16th, 2016
Alguns dias atrás, uma situação muito particular chamou a atenção da comunidade de tradutores e intérpretes, e não necessariamente pelos motivos certos: Na conferência da Champions League, com o DT do Bayern de Munique, Cholo Simeone e os jogadores Xavi Alonso e Pep Guardiola (os três, hispano falantes), foram assistidos por uma intérprete Espanhol – Alemão que deixou bem claro que não sabia muito bem o que estava fazendo.
Confira o vídeo abaixo:
Ante a presença de jornalistas alemães, o trabalho da intérprete era basicamente realizar uma tradução na modalidade intermitente (onde se fala alguns segundos e a tradução é feita) e ajudar os jogadores a compreender e responder. Um fato importante é que Simeone fala muito bem o alemão, e ele conseguiu facilmente perceber a dificuldade dela. Vamos destrinchar alguns dos erros cometidos, e ver algumas dicas relacionadas à interpretação.
1. Confusão: A intérprete confundiu Xavi e Pep. Não sabia quem era quem.
Erro crasso. Em todos os treinamentos relacionados à interpretação, a regra é sempre clara: Pesquise! Saiba quem você vai entrevistar, veja fotos da pessoa, conheça seu trabalho, seu histórico e sua importância dentro do contexto da tradução.
2. Desconhecimento da língua
OK, sejamos justos. Não podemos julgar o conhecimento ou não das línguas pela tradutora, mas é uma situação delicada estar sofrendo para traduzir uma frase, e seu “cliente” dizer: Quer que eu traduza? … Todos nos atrapalhamos e podemos nos perder, mas nunca deixe isso transparecer. Fingir que você está com tudo sob controle e não duvidar fará com que seu cliente realmente acredite que isso é verdade.
3. Interromper
Nunca interrompa o seu palestrante! Além de ser uma grande falta de educação, você pode estar quebrando uma linha de raciocínio, e isso será também problemático para o intérprete. A gente trabalha com ideias e não com palavras, então apesar da pessoa se estender, no fim a ideia vai se fechar e fazer sentido para nós, facilitando enormemente a tradução. E nestes momentos que a presença de um caderno e uma caneta se tornam muito úteis, mesmo na modalidade intermitente.
4. “Não ouvi a pergunta”
Esta é uma questão importante. Sempre que uma pergunta ou frase não tenha sido compreendida, ou talvez o volume era muito baixo, pergunte sim. Não é possível trabalhar se não sabemos o que foi dito. O único problema mesmo é que, pela cara dos jogadores, aparentemente o volume foi bom e talvez a intérprete estivesse distraída. Nunca se distraia!
Para concluir, queremos deixar algo bem claro: ninguém é melhor que ninguém. Não estamos aqui para julgar ninguém, apenas aprender dos erros e estar sempre atentos ao que pode ser melhorado. Com certeza, a colega foi traída pelos nervos e nunca se sabe o que cada um está vivendo. O importante mesmo, é sempre seguir em frente e ter a boa vontade para aprender e seguir em frente, tirando o melhor de toda situação, até mesmo das piores! J
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